Iemanjá ganha espelho d’água e cascata com obra de reurbanização

Obra será inaugurada dia 15, às 18 horas, na Praia Mirim

Por João Carlos Miranda | 30/8/2006

A reurbanização da área junto ao monumento erguido em homenagem à Rainha do Mar, Iemanjá, será entregue à comunidade no próximo dia 15 de setembro (sexta-feira), às 18 horas. A Prefeitura investiu R$ 150 mil para a concretização do projeto na Praia Mirim.

Segundo o prefeito Alberto Mourão, além de representar um símbolo religioso, o monumento já se consolidou como um ponto turístico de Praia Grande. “No entanto, estava degradado e provocando até impacto negativo por sua utilização inadequada, com a colocação de velas e flores em locais não apropriados”.

Com oito metros de altura, a imagem, além da ação do tempo, também sofreu vários atos de vandalismo, com a destruição inclusive de uma das mãos. Com a obra, foi totalmente recuperada, recebendo, inclusive, pintura e iluminação especiais, nas cores da entidade, segundo a descrição da umbanda (branco e azul).

“A estátua foi pintada de branco e à noite ficará iluminada com a tonalidade azul. Próximo à escultura serão plantados 16 coqueiros, representando os orixás (deuses) da religião, a pedido da Federação Paulista de Umbanda”, explicou o coordenador dos projetos especiais da Prefeitura, arquiteto Luiz Fernando Félix de Paula.

“A escultura agora ficará sobre um conjunto formado por dois espelhos d’água, um junto à areia e outro suspenso, na altura do calçadão da orla. A base da estátua foi transformada em uma cascata com a água caindo no espelho d´água, dando a sensação de que a Iemanjá está sobre o mar”, explicou o arquiteto.

Na volta de todo o espelho d’água há área protegida para a colocação de velas, formando uma cortina de luz. Já o piso será revestido com pedra miracema. “Toda a obra se integra perfeitamente aos trabalhos já realizados de reurbanização do calçadão e também da Avenida dos Sindicatos, valorizando a área e adequando o espaço à concepção da urbanização da orla”, enfatizou Félix de Paula.

Sincretismo – Resultado do sincretismo religioso, Iemanjá é uma das figuras mais conhecidas nos cultos brasileiros. Segundo informações do site Umbanda Racional, os jesuítas portugueses, tentando forçar a aculturação dos africanos e a aceitação dos rituais e mitos católicos, procuraram fazer casamentos entre santos cristãos e orixás africanos, buscando pontos em comum nos mitos. Para Iemanjá foi reservado o lugar de Nossa Senhora, sendo, então, artificialmente mais importante que as outras divindades femininas, o que foi assimilado em parte por muitos ramos da Umbanda.

É uma das rainhas das águas, sendo as duas salgadas: as águas provocadas pelo choro da mãe que sofre pela vida de seus filhos, que os vê se afastarem de seu abrigo, tomando rumos independentes; e o mar, sua morada, local onde costuma receber os presentes e oferendas dos devotos.

Na África, a origem de Iemanjá também é um rio que vai desembocar no mar. De tanto chorar com o rompimento com seu filho Oxóssi, que a abandonou e foi viver escondido na mata junto com o irmão renegado Oçãnhim (Oçanhe), Iemanjá se derreteu, transformando-se num rio que foi desembocar no mar.

Festa de Iemanjá – O Secretário de Cultura e Eventos (Secult), Manoel Carlos Peres, explicou que a estátua de Iemanjá é uma referência cultural e turística. “É sabido que a festa realizada em dezembro é uma tradição na história da Cidade. Com este trabalho, o prefeito atende às reivindicações dos cultuadores da entidade, cria um espaço apropriado para a imagem e agrega novos equipamentos, acentuando a característica turístico-cultural que a estátua sempre representou”.

A festa de Iemanjá em Praia Grande nasceu 1969, quando o então prefeito Dorivaldo Loria Júnior e o presidente do Conselho Municipal de Turismo, José Moura, em conjunto com várias federações, idealizaram sua realização nas praias da Cidade, pois o Município, recém-emancipado (19/01/1967), oferecia muito espaço, 22,5 km de orla, e a aceitação e colaboração das autoridades e da população.

Assim, em dezembro daquele ano foi realizada a primeira festa, que contou com aproximadamente 15 mil participantes. Oficialmente, foi instituída pela Lei 244 de 3/3/1976 (autoria do ex-vereador Teodósio de Augustinis e sancionada pelo prefeito Leopoldo Estásio Vanderlinde).

“A partir de 1993, o evento foi sendo disciplinado. Atualmente é realizado apenas na Praia Mirim, nos fins de semana de dezembro. Para participar da festa, as entidades devem solicitar permissão à Secretaria de Cultura e Eventos (Secult). Para isso, seus representantes precisam se cadastrar e pagar as taxas devidas”, explicou Manoel Carlos.